Indianos visitam UFRRJ para apresentar pesquisas na XXVI Semana Acadêmica de Estudos Geológicos
O casal de indianos estava acompanhado da filha Jennifer, de apenas cinco anos.
No dia 15 de setembro, um casal de pesquisadores indianos visitou a Universidade Rural para a
XXVI Semana Acadêmica de Estudos Geológicos, que contou com a participação de estudantes e professores dos departamentos de Geociências (DGeo) e de Biologia. Os doutores Mahesh Shivanna e Pauline Sabina Kavali vieram ao evento para compartilhar suas experiências na pesquisa desenvolvida no
Birbal Sahni Institute of Palaeobotany. O Instituto, localizado na Índia, é o único no mundo que estuda
paleobotânica – plantas e grãos de pólen fósseis.
O casal, que já está no Brasil há cerca de um ano, desenvolve linhas de pesquisas diferentes. Mahesh é da área geológica, especialista em petróleo orgânico e está cursando o pós-doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Já Pauline desenvolve projetos na área da botânica e, atualmente, atua como pesquisadora convidada na Universidade de São Paulo (USP).
Alunos de Geologia e Biologia observam as explicações sobre plantas fósseis.
Durante sua passagem pela Rural, e vestida de sari (vestimenta típica da Índia), a pesquisadora conversou com os estudantes sobre o passado geológico do mundo e dissertou sobre a Gondwana, o supercontinente do sul. Formado há 200 milhões de anos, ele incluía a maior parte das zonas de terra firme do que, hoje, conhecemos como Hemisfério Sul. Para a pesquisadora, isso prova o porquê das plantas e grãos de pólen fósseis das regiões da América do Sul e da Índia apresentarem as mesmas características. Pelo fato de, nesta época, tudo ser um único continente. Assim, a flora estava sob as mesmas condições físicas e ambientais.
Para Pauline, é muito importante que os alunos entendam esse passado geológico para que possam estudar sobre a atual configuração do mundo pelo jeito certo.
Pauline Sabina Kavali veio ao encontro com os alunos da UFRRJ vestida de sari, traje típico da Índia.
– Muitas pessoas vêm estudando esse processo de separação dos continentes sobre vários aspectos. Eu estudo sob o aspecto da paleobotânica, ou seja, o estudo dos poléns e grãos fossilizados. Através disso, percebemos que existem muitas similaridades entre as plantas na Índia e aqui no Brasil e na América do Sul em geral. Os estudantes precisam entender que estudar o passado geológico é muito importante para compreender a atual configuração do mundo – explicou a pesquisadora convidada da USP.
Intercâmbio de experiências
Já Mahesh Shivanna veio ao Brasil para cursar seu pós-doutorado através de um programa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Um cientista brasileiro escreveu um projeto e procurou especialistas em petróleo orgânico pelo mundo e achou que o perfil de Mahesh se enquadrava com a temática da pesquisa. O indiano não hesitou em aceitar o convite e está feliz com a oportunidade. Sobre a visita à Rural, ele diz que é um honra poder trocar experiências com os alunos de graduação.
Mahesh Shivanna está fazendo pós-doutorada na UFRGS, em Porto Alegre.
– Desde que cheguei aqui no Brasil adoro compartilhar sobre meus conhecimentos com os estudantes. Eles são graduandos, estão começando sua carreira agora. Quando passo minhas experiências para eles, passo um encorajamento para que sigam no campo da Geologia e foquem em suas carreiras. Pela manhã, eu palestrei sobre as técnicas de extração de gás natural e os alunos estavam muito interessados, eles amaram os minicursos que também ministrei e disseram que querem mais encontros como esse, que isso deveria acontecer com maior frequência, assim eles poderiam aprimorar seus conhecimentos – relatou Shivanna.
A ideia de trazer os indianos à UFRRJ veio da professora substituta do DGeo, Sarah Gonçalves, que fez doutorado sanduíche durante 6 meses na Índia, onde conheceu o casal.
– Agora que estou como professora substituta aqui na Rural, a Pauline está na USP como pesquisadora convidada e o Mahesh está no sul fazendo o pós-doutorado dele, eu achei que seria oportuno convidá-los. E também porque na Rural há uma carência nos estudos de paleontologia e paleobotânica. Nós não temos ninguém aqui com uma linha de pesquisa focada nisso. Então, achei importante trazê-los para mostrar para os alunos e para comunidade acadêmica a importância dessa área do saber – ressaltou a docente.
Exemplos de plantas fósseis prensadas em rochas pela ação do tempo.
Paleontologia na Rural
Mesmo com a carência de estudos na área, o Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), em parceria com o Dgeo, promoveu, em dezembro de 2015, a exposição “Paleontologia: Presente do Passado”. O objetivo foi divulgar a ciência da Paleontologia e as suas aplicações para o público leigo e acadêmico. A ideia partiu do aluno do ICBS, Mateus Cavalcante.
Nesta ocasião, estudantes do estágio da graduação em Biologia montaram mesas com fósseis expostos e explicaram sobre os processos de fossilização para os alunos da rede estadual e os discentes da disciplina de Paleontologia dos cursos de Geologia e Biologia.
Geólogos da Petrobrás (como a ex-aluna da UFFRJ, Aryane Sousa) também participaram do evento. Eles montaram um pequeno stand para divulgar a importância da Micropaleontologia nas pesquisas sobre bacias petrolíferas.
Por Bruna Somma/CCS.
Fotos: Beatriz Rodrigues/CCS.
Postado em 21/09/2016 - 13:58 -
Notícias Relacionadas