Semana de Integração teve início com fortes debates sobre igualdade de gênero e respeito à diversidades (Fotos: Kleber Costa e Ana Beatriz Paiva/ Assessoria Prograd)
Intituladas “Respeito à diversidade para uma prática libertadora”, as Aulas Magnas, eventos institucionais de boas-vindas aos calouros, abordaram temáticas que necessitam ser discutidas atualmente, em especial na Universidade, como o respeito, a igualdade e as diversidades. Transpassando por temas como violência contra as mulheres, homofobia, racismo, bullying e até desigualdade social, os três palestrantes convidados evidenciaram que ainda falta muito para que nossa sociedade encontre na diferença a igualdade e, por consequência, o respeito.
Os eventos aconteceram nos dias 25 e 26 de agosto nos câmpus Nova Iguaçu e Seropédica, respectivamente. Ingressantes de 39 cursos da Rural tiveram a oportunidade única de dialogar e aprender um pouco mais sobre a importância de respeitar o próximo e de se libertar dos preconceitos que cada um de nós traz consigo.
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NOVA IGUAÇU
A mesa diretora do evento foi composta pela pró-reitora de Graduação, Lígia Cristina Ferreira Machado, e pelo diretor do Instituto Multidisciplinar, Alexandre Fortes. A vice-coordenadora do curso de Jornalismo da Rural e palestrante naquele dia, Fafate Costa, apontou a existência do preconceito velado. Para ela, a sociedade só se libertará de seus preconceitos quando a diferença for algo completamente normal em seus mínimos detalhes. De acordo com a palestrante, não faz sentido ser um sujeito politizado na Universidade, por exemplo, e fora dela se chocar com as escolhas de outras pessoas :
“As escolhas sobre o que é conveniente para si pertence unicamente àquele indivíduo. O estilo e a forma de viver dos outros não nos diz respeito. Diz respeito apenas a ele mesmo. É a diferença o que nos torna iguais.”
Jornalista e vice-coordenadora de curso, Fafate Costa lembrou aos presentes o caso Eliza Samúdio (Foto: Kleber Costa/Assessoria Prograd)
A palestrante, que também é jornalista, utilizou o caso Eliza Samúdio/Goleiro Bruno – trabalhado em sua tese de doutorado - para evidenciar como o Brasil, seus indivíduos, sua mídia e leis têm a cultura de culpabilizar a vítima pelo que lhe foi acometida. Mesmo diante do registro de violência e da tentativa de aborto causada por seus algozes, antes do assassinato, a vítima foi silenciada por toda a estrutura da sociedade que vai desde a imprensa à justiça e também de seus assassinos à opinião pública. Não muito diferente disso, mulheres, negros, gays, lésbicas, travestis, dentre outros são silenciados por essa mestra estrutura.
“É necessário respeitar diariamente. Que façamos o exercício de nos colocar no lugar do outro por um dia. E se conseguirmos isso, que façamos todo dia”, concluiu Fafate.
SEROPÉDICA - MANHÃ
A manhã de ontem (26) foi bem agitada no Pavilhão Central do Câmpus Seropédica. Por toda parte, calouros chegavam à Rural, ansiosos para encontrarem seus veteranos e assistirem à Aula Magna. O salão do Auditório Gustavo Dutra estava lotado. A mesa diretora foi composta pela reitora, Ana Maria Dantas Soares; pelo vice-reitor, Eduardo Mendes Callado; pela pró-reitora de Graduação, Ligia Machado; e pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Roberto Carlos Costa Lelis.
Com a palavra, a reitora deu as boas-vindas aos ingressantes, e enfatizou a importância do respeito às diferenças e acolhimento dos calouros dentro da Universidade. Em seguida, a pró-reitora de graduação Ligia Machado, esclareceu sobre o funcionamento acadêmico e deixou clara a pré-disposição da Pró-Reitoria de Graduação no atendimento para com os calouros.
Rita Ippolito mencionou a necessidade de fazer do acolhimento aos calouros um momento de inclusão e não de segregação cultural (Foto: Ana Beatriz Paiva/Assessoria Prograd)
Na sequência, com o tema “Inclusão, Diversidade e Equidade”, a psicopedagoga Rita Ippolito foi a palestrante convidada. Coordenadora Geral do projeto MEC/Semed/Maceió- AL, Rita falou sobre a importância da solidariedade, da capacidade humana de compreender, acolher, aceitar e tratar bem o outro.
“Esta é uma semana de acolhimento e não de trote, o acolhimento significa o respeito do outro e da cultura do outro”, comentou.
Em uma política de prevenção à violência, Rita Ippolito abordou também questões sobre a essência do ser humano e a forma como se comporta em sociedade.
“Nós precisamos problematizar, pois a solução não é algo que se encontra pronto, precisamos problematizar para voltar a nossa realidade com uma leitura diferente da que tínhamos antes, porque o lindo de se estar na universidade é exatamente a nossa possibilidade e potencialidade transformadora”, encerrou.
SEROPÉDICA - NOITE
O vice-reitor, Eduardo Callado, foi o presidente da cerimônia das 18h do Câmpus Seropédica. Acompanhando-o estavam Lígia Machado, pró-reitora de Graduação; Roberto Lelis, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação; e Juliana Arruda, pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis. O palestrante convidado foi o professor do Instituto Multidisciplinar (IM) Jonas Alves da Silva Junior.
Jonas Alves também falou da necessidade da igualdade de gênero, lembrando que a cada hora 2 mulheres morrem no Brasil. (Foto: Kleber Costa/ Prograd)
Jonas iniciou sua fala deixando claro o cenário em que o Brasil se encontra quando o assunto é a homofobia ou o feminicídio. O palestrante expôs diversos dados, entre eles, um que mostra o Brasil no topo de um ranking responsável por 44% das mortes de LGBTs em todo o mundo. Outro dado apresentado foi sobre a morte de mulheres vítimas de agressões por homens com quem tiveram algum tipo de relação: por dia, no Brasil, 13 são assassinadas. Uma média de duas a cada hora.
Assim como a palestrante da Aula Magna no IM, Fafate Costa, Jonas evidenciou que o Brasil anda na contramão em relação a outros países na criação de leis e campanhas de conscientização sobre identidades de gênero e sexual, por exemplo. Ele também comentou a paralização ou o retrocesso de ações que visam tratar desses assuntos com a sociedade brasileira como, por exemplo, a campanha “Brasil sem homofobia”, do Governo Federal, que foi descontinuada nos últimos cinco anos.
Mas nem tudo é catastrófico, conclui Jonas. Ele recordou de acontecimentos no ano anterior que mostram a existência de uma luz no fim do túnel, como o tema da redação e a questão de Simone de Beauvoir, presentes no Enem 2015, que fizeram os candidatos pensarem de forma crítica o papel da mulher na sociedade. Para Jonas, é dessa forma que tais assuntos devem ser discutidos nos diversos espaços de nossa comunidade, em especial na escola e na universidade.
Por Ana Beatriz Paiva e Kleber Costa