Título honorífico também será concedido aos senhores Felipe de Nóbrega Ribeiro, Herbert Lemos de Souza Vianna, João Alberto Barone Reis e Silva e João Carlos Gonçalves, integrantes da banda Os Paralamas do Sucesso
Na terça-feira, 30/9, ocorreu a 428ª Reunião Ordinária do Conselho Universitário (Consu) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O evento reuniu representantes de diferentes instâncias da comunidade universitária para debater diversos assuntos. Entre eles, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Coletivo Madame, em parceria com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes) e a Comissão da Política Institucional pela Diversidade, Gênero, Etnia/raça e Inclusão (CPID), apresentaram a proposta de concessão de título de Doutora Honoris Causa à deputada federal Erika Hilton. A proposta foi aprovada por aclamação.
O marco, além de contribuir para o perfil diverso que a Universidade possui, concede o título, pela primeira vez, a uma travesti. A vitória da proposta por unanimidade representa o reconhecimento do Consu pelas origens, contribuições e esforços que a deputada tem como figura periférica e potência política.
“A Erika Hilton foi escolhida pelo seu compromisso com a justiça social, com a diversidade, pela atuação que ela tem tido no Congresso, uma atuação combativa, sempre lutando pelas minorias, pelo direito das mulheres, da população LGBTQIA+, dos trabalhadores e das trabalhadoras. A Erika Hilton e a Duda Salabert foram as primeiras parlamentares deputadas federais trans eleitas do Brasil. Então, para além da sua trajetória e da sua atuação, ela traz consigo uma carga importante de representatividade, enquanto uma mulher trans negra, no Congresso Nacional, cuja maioria das pessoas ali são homens brancos “, declarou Joyce Alves, pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFRRJ.
No dia 24/9, completou um ano da aprovação das cotas trans na graduação da Universidade. Neste período, o número de alunos trans passou de 15 para 37. E, menos de uma semana depois, mais uma proposta de valorização ao corpo trans foi aprovada.
“A UFRRJ foi a primeira universidade do estado do Rio de Janeiro a aprovar uma política afirmativa para pessoas trans, que foi em 2023, quando aprovamos e regulamentamos as cotas trans na pós-graduação. Depois disso, um ano depois, nós aprovamos também as cotas na graduação. A Rural tem feito diversas ações, proposto diversas ações em prol da diversidade desde 2021. Então, a concessão do título de doutora honoris causa para a Erika Hilton só reafirma esse compromisso da Rural em prol da diversidade das minorias, das mulheres, da população LGBTQIA. Esse título certamente vai trazer representações positivas para a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro”, acrescentou Joyce Alves.
As defesas das integrantes do DCE e do Coletivo Madame, além de apresentarem a trajetória e história da deputada como política trans negra, ressaltaram a importância da aprovação para corpos como os seus.
“O que fomentou [a proposta de concessão do título Honoris Causa à Erika Hilton] foi também toda a construção que a gente já tem feito desde 2023 com a política de cotas tanto na pós-graduação e na graduação, todo o trabalho que o movimento LGBT já vem construindo, somado a isso também com as pautas que o próprio movimento social já vem levantando ao longo do tempo. Não só dentro da perspectiva da comunidade LGBT ou das pautas mais setorizadas. Entendendo essa interseccionalidade que tem, sobretudo com a questão da soberania nacional, na defesa da democracia, no combate ao fascismo. Na nossa leitura enquanto DCE, movimento estudantil e movimento LGBT da Universidade, a gente vê que o maior símbolo que temos hoje dentro dessa disputa de ideias é Erika Hilton”, defendeu Ametista, uma das diretoras executivas do DCE e representante do Conselho Universitário.
“Nós consideramos a aprovação da entrega do título uma conquista histórica nessa Universidade pois para a gente e, especialmente para mim que sou um corpo travesti, representa essa instituição, que já foi tão segmentária, segregacionista e elitizada, realmente assumindo o compromisso de honrar para com a movimentação social política e cultural de corpos dissidentes. É sobre a gente de fato fazer com que essa Universidade olhe para o seus arredores e reconheça que nós também temos um papel a cumprir e as instâncias institucionais da Rural não podem se isentar” declarou Ayoluwa, co-fundadora do Coletivo Madame.
Para mais informações sobre as cotas trans na UFRRJ, acesse: https://portal.ufrrj.br/ufrrj-adota-politica-de-cotas-para-pessoas-trans-na-graduacao/
UFRRJ também concederá Honoris Causa para integrantes dos Paralamas do Sucesso
Na mesma reunião, o Consu/UFRRJ aprovou por unanimidade a proposta feita pela Pró-Reitoria de Extensão (Proext) para concessão do título aos integrantes da banda Os Paralamas do Sucesso – Felipe de Nóbrega Ribeiro, Herbert Lemos de Souza Vianna, João Alberto Barone Reis e Silva e João Carlos Gonçalves, o João Fera.
Matéria publicada no Portal da UFRRJ, em 2023, destaca como a história da Rural se mistura à biografia do rock brasileiro:
“Um dos primeiros shows de Os Paralamas do Sucesso, que teve grande destaque por todo Brasil na década de 80, foi em um festival realizado pela Rural. No documentário Os Quatro Paralamas (Netflix, 2020), o baterista João Barone conta que conheceu os outros integrantes durante o festival da Universidade. No evento, o músico precisou substituir Vital — antigo integrante da banda que inspirou a canção de mesmo nome — na bateria e, a partir dali, se tornou membro oficial do grupo. A história dos Paralamas está tão conectada à UFRRJ e à Seropédica, que inspirou a canção Reis do 49 — em referência ao KM 49″.
Em 18/9, João Fera, tecladista dos Paralamas e natural de Seropédica, lançou sua biografia na UFRRJ.
Leia no link a seguir a cobertura da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS): https://portal.ufrrj.br/joao-fera-tecladista-dos-paralamas-do-sucesso-lanca-sua-biografia-na-ufrrj/
Texto: Lorena Lourenço, estagiária de Jornalismo da CCS/UFRRJ.
Edição: Michelle Carneiro, jornalista da CCS/UFRRJ.