Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PGCA/UFRRJ) avaliaram a eficácia de uma dieta completa extrusada para a alimentação de cavalos. O estudo aponta que a estratégia pode ser uma alternativa vantajosa em períodos curtos, desde que com cuidados para garantir o bem-estar do animal.
“Esse tipo de alimento é processado e reúne, em um único produto, ingredientes ricos em energia e forragens, o que pode facilitar o manejo alimentar dentro de uma propriedade”, explica Bruna Caroline Franzan, que concluiu seu estágio de pós-doutorado no PGCA em abril de 2025, onde conduziu os experimentos.
Na ocasião, a pesquisadora realizou experimentos tanto com os animais quanto em laboratório. “Verificamos que a dieta completa pode ser vantajosa para uso em períodos curtos. Os cavalos consumiram mais e aproveitaram melhor os nutrientes, mesmo quando a forragem incluída no alimento não era a preferida deles nem possuía alta qualidade nutricional. No entanto, esse tipo de dieta pode reduzir o pH intestinal, o que exige cautela em seu uso prolongado”, pondera Bruna.
Os pesquisadores avaliaram o consumo espontâneo dos cavalos, o aproveitamento dos nutrientes da dieta completa e possíveis alterações no tempo de digestão. Também analisaram características das fezes para verificar sinais de saúde intestinal. Além disso, experimentos de fermentação em laboratório ajudaram a entender como os microrganismos do intestino grosso dos equinos reagiam à dieta completa.
A pesquisadora lembra que, apesar dos mitos, dietas completas para equinos são utilizadas há cerca de 100 anos em outros países.“A pesquisa indica que a dieta completa extrusada pode ser uma alternativa prática e eficiente quando há pouca disponibilidade de forragem ou quando sua qualidade é limitada”, afirma Bruna.
De acordo com a pesquisadora, essa estratégia pode beneficiar todos agentes dos segmentos do complexo do agronegócio do cavalo envolvidos na criação desses animais, especialmente em locais com pouco espaço ou pastagem. Ao mesmo tempo, o estudo da UFRRJ também alerta para cuidados no uso prolongado, incentivando práticas de alimentação seguras e adaptadas a cada animal, o que contribui para o bem-estar dos equinos e para a sustentabilidade da produção.
Publicação em periódico internacional
Os principais resultados do estudo científico foram publicados na revista Animal Feed Science and Technology, referência internacional na área de nutrição animal.
A pesquisa é parte da tese de doutorado de Bruna Caroline Franzan, então bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sob orientação de Vinicius Pimentel Silva, professor do Departamento de Nutrição Animal e Pastagens (DNAP) do Instituto de Zootecnia (IZ/UFRRJ) e coorientada por Fernando Queiroz de Almeida, professor do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária (DMCV) do Instituto de Veterinária (IV/UFRRJ), dentro do grupo de pesquisa Equilab-LADEq.
O experimento a campo foi realizado no Galpão de Garanhões do Setor de Equideocultura da UFRRJ e a parte laboratorial foi realizada no Laboratório de Pesquisa em Saúde Equina (Equilab) no Instituto de Veterinária da UFRRJ.
Além disso, a pesquisa também integra uma série de estudos sobre Microbiota e Saúde Intestinal de Equinos dentro de projetos coordenados pelo professor Fernando Queiroz de Almeida com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Para mais detalhes, leia o artigo científico Effects of a complete extruded diet on intake, in vivo and in vitro digestion of nutrients, and fecal bacterial composition in horses: https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2025.116455
Por Michelle Carneiro, jornalista da CCS/UFRRJ.