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Portal UFRRJ > INSTITUCIONAL > Notícia Destaque > 80 anos do CTUR comemorados com alegria e homenagens

80 anos do CTUR comemorados com alegria e homenagens

O Colégio Técnico da UFRRJ trouxe, em quatro dias de festividade, uma programação que envolveu alunos e ex-alunos, professores na ativa e aposentados, diretoria e a Administração Central da Universidade, além de ser palco para uma cerimônia de concessão de título honorífico.

 

Entrada do Colégio Técnico da UFRRJ (CTUR)

 

O Colégio Técnico da UFRRJ (CTUR) comemorou, entre os dias 10 e 13 de maio, os 80 anos da instituição. Fruto da junção, em 1973, do Colégio Técnico de Economia Doméstica (CTED) e do Colégio Técnico Agrícola Ildefonso Simões Lopes, a história do CTUR, na verdade, inicia-se um pouco antes, com a implantação do Aprendizado Agrícola em 1943, criado por meio do Decreto-lei nº 5.408/43, do presidente Getúlio Vargas.

 

O Aprendizado Agrícola foi instalado junto à futura sede da Escola Nacional de Agronomia, que deu origem à UFRRJ, e onde hoje temos o câmpus Seropédica. Um ano após sua criação, em maio de 1944, o colégio recebeu o nome de Aprendizado Agrícola Ildefonso Simões Lopes.

 

Em 1947, depois do Decreto Presidencial nº 22.506/47, a instituição ganhou a denominação de Escola Agrícola Ildefonso Simões Lopes, com o objetivo de ministrar os cursos de mestria e iniciação agrícolas. Já em 1955, atuando em regime especial de colaboração com a Universidade Rural há mais de dez anos, o colégio recebeu nova denominação com a publicação do Decreto Presidencial nº 36.862/55, passando a chamar-se Escola Agrotécnica Ildefonso Simões Lopes, que tinha a finalidade de ministrar o curso técnico agrícola.

 

Somente em 1963, pelo Decreto do Conselho de Ministros nº 1984/63, que aprovou o estatuto da Universidade Rural do Brasil (UFRRJ), é que o colégio passou a ser chamado de Colégio Técnico Agrícola Ildefonso Simões Lopes, mantendo vínculo com a Universidade.

A junção dos colégios e a origem do CTUR

 

À esta época, além do Colégio Técnico Agrícola Ildefonso Simões Lopes, também compunham a Universidade Rural do Brasil (antiga nomenclatura da UFRRJ) o Colégio Técnico em Economia Doméstica (CTED) e o Colégio Universitário. Este último foi extinto em 1969, e as outras duas instituições de educação profissional de nível médio se fundiram e formaram o Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CTUR), logo após a aprovação do novo estatuto da UFRRJ e Reforma Universitária instituída pela Lei nº. 5540/68.

 

O CTUR oferecia, inicialmente, os dois cursos profissionalizantes que havia nos respectivos colégios de origem: o Curso Técnico em Agropecuária e o Curso Técnico em Economia Doméstica. O ensino médio passou a ser oferecido em 1988 e, em 2001, o curso de Economia Doméstica foi substituído pelo de Hotelaria; já o curso de Agropecuária passou a ser curso de Agropecuária Orgânica.

 

Atualmente, o CTUR pertence à Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica, oferecendo, além do ensino médio regular, os cursos técnicos em Meio Ambiente, Hospedagem, Agroecologia e Agrimensura. (Para saber mais sobre a história do CTUR, clique aqui)

 

O CTUR e seu legado humano

 

Mais do que um simples colégio, o CTUR marcou a história pessoal de milhares de alunos, professores, técnicos e profissionais que passaram por lá. É o que testemunha o atual diretor do colégio, professor Luiz Carlos Estrella Sarmento, que está há exatos “46 anos e 2 meses”, como gosta de detalhar, nos quadros da instituição.

 

Professor Luiz Carlos Estrella Sarmento, diretor do CTUR

Iniciando como professor de Irrigação e Drenagem da Agropecuária do CTUR, aos 22 anos de idade, Estrella formou-se na UFRRJ no curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas (Lica) e está em seu quarto mandato na direção do colégio. “O CTUR e a UFRRJ me deram tudo o que eu tenho na vida. Faria tudo de novo”, declara Estrella. O diretor explica que, ao longo dos anos, o perfil do aluno sofreu modificações. “Quando eu entrei, a média dos alunos ingressantes era de 18 anos; hoje eles entram na escola com 13 anos. A diferença é muito grande”, constata, ressaltando o papel primordial que o colégio tem para a região.

 

“O colégio sempre foi o pivô em Seropédica e nas regiões adjacentes. Somos um dos poucos colégios técnicos universitários dentro do próprio câmpus da universidade. Isso tem aspectos positivos e negativos. O ponto positivo é que quando eu preciso falar com o reitor, eu rapidamente estou lá”, explica Estrella.

 

Atualmente, o CTUR tem um corpo de alunos diversificado, advindo de várias regiões, não só de Seropédica. Com entrância 100% através de concurso público, Estrella explica que os estudantes vêm não só da Baixada Fluminense, mas também da zona sul do Rio de Janeiro e de outros bairros da capital.

 

“Quando o aluno se identifica com o meio rural, ele vem para cá. Temos um índice de aprovação no ensino superior, em faculdades de todo o Brasil, de 85% de nossos egressos. A maioria sai daqui e vai para os cursos universitários, até porque estamos no câmpus da Universidade, e isso é um atrativo forte. Como o ensino médio aqui, mesmo no integralizado, é muito forte, há facilidade para eles passarem para a faculdade”, conclui Estrella, acrescentando que os alunos do CTUR são muito elogiados por seu desempenho como universitários, depois que ingressam na UFRRJ.

 

O CTUR preocupa-se com a formação técnica dos alunos, que são ensinados, de fato, sobre a prática das áreas escolhidas, mas o pensamento crítico não é deixado de lado, ao contrário, é estimulado.

 

A pró-reitora de Assuntos Estudantis (Proaes) da UFRRJ Juliana Arruda, ex-aluna do CTUR (curso técnico de Agropecuária entre 1993-1996) e docente do colégio, atesta sobre a preocupação com o pensamento crítico em sua formação como aluna.

 

A pró-reitora de Assuntos Estudantis (Proaes) da UFRRJ Juliana Arruda, ex-aluna do CTUR e docente do colégio

“O CTUR me propiciou fazer estágio na Universidade toda, então antes mesmo de estudar na Rural, nós, alunos do colégio, conhecemos os laboratórios e as equipes de outros setores da Universidade. Isso foi muito legal, além da própria formação cultural do colégio. Já faz 10 anos que existe o Raízes Literárias, que é um livro produzido aqui na escola pelos alunos; antes não existia, mas sempre houve um estímulo para que a gente escrevesse, para que a gente cantasse, para que a gente se envolvesse com o teatro… então nem todos, assim como eu, tinham essa possibilidade fora da escola, de ter um ônibus, por exemplo, para te levar ao teatro, ao museu. Isso fez toda a diferença na minha formação, fora as amizades que cultivo até hoje”, explica Juliana, que no segundo dia de festividade, apresentou-se na abertura das atividades com a canção “Força Estranha”.

 

Já a professora do curso de Hospedagem Maria do Socorro Guedes Freitas Durigon, diretora substituta do CTUR, e desde 2004 trabalhando na instituição, ressalta que, apesar de o perfil do aluno ter mudado ao longo de seus quase vinte anos de casa, um aspecto não muda: a vontade que o estudante tem de ficar na escola.

 

Maria do Socorro Guedes Freitas Durigon, vice-diretora do CTUR

“Estar no CTUR, para o aluno, é algo muito importante. A gente pode observar que nosso aluno se sente pertencente ao CTUR. O colégio é a segunda casa deles. No primeiro momento eles chegam meio inibidos. No segundo ano, está todo mundo bem. No terceiro ano, estão todos estressados querendo ir embora, mas quando é no ano seguinte, quando ele é ex-aluno, ele quer voltar”, declara a vice-diretora.

 

Perguntada sobre as expectativas para o futuro do colégio, Socorro menciona que é de crescimento. “A escola tende a crescer, acho que a gente tem muitos horizontes pela frente, embora a gente saiba que não é fácil a educação. Acredito que com uma boa gestão, a gente consegue administrar o que se tem e cavar mais para nosso crescimento material e humano dentro da escola. E o reconhecimento do CTUR pela Universidade e pela comunidade de Seropédica faz com que haja também crescimento e reconhecimento do trabalho despendido por todos nós”, conclui Socorro.

 

Reconhecimento da dedicação – título de Doutor Honoris Causa a Mariano Zatorre

 

Aos 94 anos de idade, Mariano Zatorre parece um menino – memória impecável num corpo resistente, que ele afirma ter sido formado à base de doses diárias de ginástica. Zatorre tem uma longa história com a UFRRJ e o Colégio Técnico.

 

Como aluno da escola agrotécnica, foram sete anos; como técnico-agrícola da mesma escola, foram mais oito anos; como diretor, mais oito anos; e como professor, somando escola agrotécnica e tempo de CTUR, foram 42 anos de magistério.

 

E no último dia 12 de maio de 2023, quase 80 anos após entrar como aluno do colégio técnico agrícola (ele matriculou-se como estudante em 1943, aos 15 anos de idade), Zatorre recebeu a maior honraria que uma universidade pode conceder a um indivíduo: o título de Doutor Honoris Causa.

 

Agora, o nome de Zatorre figura ao lado da cientista brasileira Johanna Dobereiner, do professor Luiz Bevilacqua, do pesquisador, escritor e compositor Nei Lopes, do arquiteto Oscar Niemeyer, dentre outros notáveis que a UFRRJ reconheceu o relevante papel para a academia e a sociedade.

 

O Conselho Universitário (Consu) concedeu o título ao professor Mariano Zatorre, que o recebeu das mãos do reitor Roberto Rodrigues.

“Hoje, esse crescimento do CTUR se deve ao que nós plantamos há muitos anos. Nada nasce do dia para a noite. Então, para mim, é uma honra e uma satisfação muito grande estar aqui recebendo essa homenagem e vendo a grandiosidade do CTUR, essa potência no ensino médio. Na época em que eu era aluno, nós só tínhamos o curso de mestria e poucas escolas agrotécnicas tinham o curso técnico. Eu vim para cá, fiz o curso de mestria e terminei em 1948, era o Aprendizado Agrícola ainda. Depois, como não havia curso técnico ainda, eu tive que fazê-lo em Barbacena. Terminei em 1951. Em 1953, quando abriu o concurso para técnico-agrícola dos Aprendizados de Escolas Agrícolas que estavam com deficiência, eu fiz o concurso e passei. O meu título de nomeação foi o presidente João Café Filho quem assinou. Trabalhei como técnico agrícola por oito anos.  Depois, como tinha portaria de professor horista, eu continuei dando aula. Comecei então a fazer um curso preparatório, pois a UFRRJ abriria vestibular. Fui aprovado em Veterinária em 1957. Ao terminar, em 1960, o diretor da escola agrotécnica chamou para ocupar função gratificada em Zootecnia, onde fiquei por dois anos. Em 1964, fui nomeado diretor da escola, mesmo no período da intervenção militar, até 1971. Então hoje estou aqui satisfeito e feliz porque posso contar essa história”, explicou Zatorre, dando detalhes de sua longa trajetória junto à Universidade e o CTUR.

 

Inauguração da galeria de Diretores

 

Galeria de Diretores do CTUR

Na mesma data da concessão do título, ocorreu a inauguração da Galeria de Diretores. Nela constam os nomes de Mariano Zatorre, diretor entre 1964-1970; Mariene Lacerda Baptista, diretora entre 1970-1974 e 1984-1989; Maria José Paes Leme (Jojô), diretora entre 1976-1980; Luiz Alves D’Guarda, diretor entre 1980-1984, Alencar Vicente Barbinotto, diretor entre 1997-2001 e 2001-2005; Delcio de Castro, diretor entre 2005-2009; Ricardo Crivano Albiere, diretor entre 2009-2013 e 2013-2017; e Luiz Carlos Estrella Sarmento, diretor entre 1989-1993, 1993-1997, 2017-2021 e 2021-2025.

 

Também estiveram presentes na inauguração e na cerimônia de entrega do título os ex-diretores Ricardo Crivano, Delcio de Castro, Maria José Leme (a Jojô), além do atual diretor Luiz Carlos Estrella e o vice-reitor da UFRRJ, César Da Ros.

 

Reportagem e fotos: Fernanda Barbosa/CCS


Postado em 15/05/2023 - 15:44 -

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