Texto: Thaís Melo(*)
Em 2016 foi aprovada a Lei que regulamenta as cotas para pessoas com deficiência em universidades federais. Mas para facilitar a entrada desses estudantes nas instituições, também é necessário dar o apoio que eles precisam. Por isso os Núcleos de Acessibilidade e Inclusão (NAIs) estão espalhados em diversas instituições federais pelo país. Apesar de ter sido criado em 2012, foi apenas em abril de 2019 que o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da UFRRJ (NAI/UFRRJ) passou a ter a estrutura que tem hoje.
Presente nos câmpus de Seropédica, Nova Iguaçu e Três Rios, o núcleo atualmente atende cerca de 65 alunos. O NAI/UFRRJ está vinculado a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), mas também tem parceria com a Pró-Reitoria de Extensão (Proext) e ainda atua junto a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes).
O NAI é dividido em 8 comissões, sendo elas: Acolhimento e Acompanhamento Pedagógico, Acessibilidade Física, Acessibilidade Curricular, Capacitação, Ingresso/ e ou Acesso (homologação das vagas), Políticas de Estágio, Política de Inclusão e Comissão de Tecnologia Acessível. Uma das idealizadoras do projeto na Rural e atual coordenadora do Núcleo, a professora Márcia Pletsch disse que o objetivo do NAI é trabalhar com as coordenações de cada curso para que a partir daí, elas forneçam o apoio que os alunos necessitam.
Márcia Pletsch, atual coordenadora do NAI, falou sobre como as pessoas podem se dirigir ao núcleo. “Para chegar ao NAI existem vários caminhos. Um deles é por meio do coordenador de cada curso, outra forma é quando o aluno vai fazer sua matrícula e informa sua condição e existe uma terceira possibilidade que é o programa de tutoria”, explicou a professora.
A professora contou também as dificuldades enfrentadas pelo núcleo. “A maior dificuldade do NAI é que a coordenação do núcleo acaba trabalhando em todas as unidades da universidade. Eu acabo sendo uma profissional multicampi e essa ação em mais de um câmpus ainda é um pouco complexa em termos administrativos. Já que toda a equipe do NAI tem que se locomover de um câmpus para o outro”, explicou a coordenadora do projeto.
Atualmente a equipe do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da UFRRJ é composta pela coordenadora, dois técnicos e quatro residentes profissionais. De acordo com a professora Márcia Pletsch, o NAI precisa aumentar a sua equipe técnica e para isso são necessários intérpretes de Libras (Língua brasileira de sinais), um revisor braille, um tradutor braille e um audiodescritor. Mas mesmo sem a equipe ideal, o núcleo atende a todos os alunos, inclusive em sala de aula, por meio dos tutores.
Os tutores são estudantes da graduação que recebem bolsas para auxiliar os alunos com deficiência que precisem de ajuda em sala de aula. Uma das monitoras do projeto é Cintia Vargas, estudante de graduação em Geologia, que também tem necessidades especiais (baixa visão). Além de participar do “Coletivo de pessoas com necessidades específicas da Rural”, ela ajuda outros discentes assistidos pelo NAI em sala de aula.
Cintia Vargas também é uma das alunas atendidas pelo núcleo e foi através do coletivo do qual participa que ela se descobriu como uma pessoa com necessidades especiais. Tudo isso depois que já havia ingressado na UFRRJ. “Eu descobri que a minha doença era uma necessidade específica dentro da universidade através da convivência com o coletivo. Eu me aproximei deles primeiro, por outra demanda e comentei sobre a minha baixa visão e eles me falaram ‘então você é deficiente visual também’ e eu tenho uma filha com necessidades.”
A estudante também relatou como foi sua trajetória dentro da universidade. “A minha condição antes de eu usar as lentes me limitava muito. Eu repeti cálculo I, cinco vezes. Nunca consegui tirar mais que dois em uma prova de cálculo e agora com as lentes eu estou indo maravilhosamente bem nessa disciplina. Eu estou conseguindo dar conta de todas as matérias, mas antes eu tinha uma dificuldade muito grande de ler por um longo período de tempo. Os meus olhos começavam a cansar, a arder e ficava com dor de cabeça. Eu me sentia com baixa produtividade e isso baixava a minha autoestima”, contou a aluna.
O NAI dispõe de duas residentes da área de pedagogia e duas da área de psicologia. Marcelly Nascimento é graduada em pedagogia e atua no NAI desde julho deste ano. A estudante faz mestrado na área e falou como tem sido a experiência de trabalhar no núcleo. “Quando a gente consegue identificar as necessidades e conseguimos ajudar de alguma forma os alunos é muito gratificante. Os estudantes dizem que a partir desse trabalho, eles tiveram uma nova perspectiva sobre inclusão”, relatou a pedagoga.
A doutoranda em psicologia, Fernanda Mesquita, explicou como o núcleo está sendo importante para a sua vida profissional. “Uma experiência muito enriquecedora principalmente na parte profissional, pois eu ainda não tinha tido a oportunidade de pôr em prática o que eu aprendi na graduação”, contou a psicóloga.
Número de pessoas atendidas pelo NAI Rural
Na UFRRJ há seis alunos com deficiência visual, um aluno com baixa visão, dois alunos com deficiência múltipla, cinco com deficiência mental, um com deficiência intelectual, um com deficiência auditiva, quatro com baixa audição e 33 com deficiência física. Sendo 46 alunos no câmpus Seropédica, 17 em Nova Iguaçu e dois em Três Rios.
O NAI na SNCT 2019
O NAI/UFRRJ também marcou presença na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) deste ano. As residentes desenvolveram diversas dinâmicas que foram aplicadas nos câmpus da Nova Iguaçu e Seropédica. O objetivo das atividades era fazer com que os visitantes sem deficiência experimentassem um pouco de como é a vida das pessoas que precisam lidar com limitações físicas em seu dia a dia. Dentre as dinâmicas estavam pintar sem usar as mãos, andar pelo câmpus com os olhos vendados e se locomover usando cadeira de rodas.
Maiores informações abaixo:
Facebook do Coletivo para pessoas com necessidades específicas
Telefone – Instituto Multidisciplinar (Nova Iguaçu) : (21) 3812-9547
Comunicação Proext*