Numa conversa sobre o avanço da Covid-19 no Brasil, em 24 de março, surgiu uma ideia: produzir máscaras de proteção para a comunidade universitária. Motivadas por outras iniciativas solidárias na UFRRJ – como a fabricação de álcool 70° no Instituto de Química (IQ) – as integrantes da Unidade de Produção de Artigos Têxteis (Upat), ligada ao Departamento de Economia Doméstica e Hotelaria (DEDH), decidiram tocar o projeto. Com a ideia na cabeça… faltava a máquina de costura na mão.
A Upat é composta por três professoras do DEDH – Celina Angélica Lisboa Valente Carlos, Consuelo Salvaterra Magalhães e Débora Pires Teixeira – além da técnica Luanda dos Santos Alves. Para concretizar o plano, elas começaram a pesquisar e refletir sobre alguns aspectos. De onde viria a verba? Quem formaria a equipe de produção? Qual o público-alvo? Também precisavam pensar em modelagem, planejamento de corte e higienização, bem como na proteção que as máscaras poderiam proporcionar aos usuários.
Logo de início, o grupo contou com o apoio do professor Daniel Ribeiro, diretor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), unidade que abriga o DEDH. Ribeiro endossou a proposta e a Upat foi mobilizada para produzir as máscaras. O diretor se responsabilizou pela captação de recursos e compra dos suprimentos. Além do auxílio do ICSA, o projeto recebeu financiamento do Fundo Fapur de Atenção à Covid-19.
Com a verba garantida, o time de produção foi reforçado por um estudante (monitor da disciplina “Vestuário e Têxteis”) e mais três voluntárias do projeto “Criatividade com Sustentabilidade: Troca de Experiências”, coordenado pela professora Consuelo Magalhães. E para transformar aquela ideia inicial em algo concreto, a iniciativa passou a contar com o trabalho voluntário de costureiras que produzem em máquinas domésticas, de acordo com suas habilidades e possibilidades.
Assim, no dia 2 de abril – apenas uma semana depois daquela conversa entre colegas de trabalho – a Upat deu início à confecção de máscaras descartáveis de Tecido Não Tecido (TNT). Este material foi escolhido por ser de baixo custo e fácil manuseio, além de ter ampla disseminação na área de saúde. A Upat também se preocupou em nortear a produção por uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que estabeleceu requisitos para a fabricação de dispositivos médicos relacionados ao coronavírus.
Com as máquinas de costura voluntárias em ação, o resultado foi um primeiro lote de 500 unidades, destinadas aos servidores que continuam a trabalhar na Rural e aos estudantes que permanecem alojados. A Divisão de Saúde (Postinho) foi o primeiro setor a receber por conta de sua necessidade urgente por esse material. Ontem (15/4), os servidores da Divisão de Guarda e Vigilância (DGV) foram contemplados, já que eles têm amplo contato com o público interno e externo.
Que tal ajudar?
A equipe da Upat ressalta que a prioridade de atendimento é o público interno da Rural. No entanto, a divulgação da iniciativa fez com que os pedidos aumentassem. “Nesse sentido, temos a intenção de atender essas solicitações conforme as possibilidades no quadro de nossos voluntários e dos insumos disponíveis para a produção”, comentou Luanda Alves.
Para que essa capacidade de produção seja ampliada, o grupo vem buscando parcerias com outros institutos. Nessa linha, suas integrantes estão em diálogo com o IQ, com o objetivo de desenvolver uma forma de impermeabilização do material têxtil.
Outra iniciativa é a realização de videoaulas para capacitação de voluntários, que devem ser divulgadas em breve no Youtube. As oficinas vão abordar práticas de preparação e limpeza (pessoal e do ambiente de trabalho); confecção em série; acabamento; e higienização final das máscaras.
E, claro, a Upat convida voluntárias e voluntários, especialmente quem domina técnicas de costura reta e possua máquina de costura em casa. Para entrar contato com a Unidade, acesse o Instagram (@upatufrrj), envie e-mail para upat.ufrrj@gmail.com ou mande uma mensagem para o Whatsapp (21) 98182-9331.
As máscaras de proteção
As máscaras confeccionadas pela Upat usam como matéria-prima o TNT de gramatura 80, possuindo duas camadas desse material. Quem utiliza deve manter nariz e boca totalmente recobertos e protegidos. A recomendação do Ministério da Saúde é que cada unidade seja utilizada por um período máximo de duas horas ou até ficarem úmidas. Quanto ao descarte, é necessário colocá-la em um saco plástico, que deverá ser lacrado.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, no último dia 3, que máscaras cirúrgicas e médicas devem ser usadas prioritariamente por trabalhadores da saúde. Entretanto, o órgão reconheceu que o uso de versões caseiras pelo público em geral pode ser estratégico no contexto de controle da doença (leia aqui).
Para o Ministério da Saúde, máscaras caseiras podem ajudar na prevenção contra o coronavírus. No site da pasta, há orientações para que a população produza as suas próprias.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), as pessoas “devem seguir as boas práticas de uso, remoção e descarte, assim como higienizar adequadamente as mãos antes e após a remoção” das máscaras. A entidade alerta ainda que sua utilização deve ser sempre combinada com as outras medidas de proteção.
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Por João Henrique Oliveira (Coordenadoria de Comunicação Social/UFRRJ)