Por Economia no CTUR (*)
O curso de graduação em Ciências Econômicas vem passando por uma reestruturação e consolidação de melhorias, as quais se evidenciam pela aprovação de nova matriz curricular, em novembro de 2017, e pela aprovação do mestrado em Economia Regional e Desenvolvimento Econômico, em 2018. O Projeto Pedagógico do Curso (PPC), portanto, foi elaborado em 2017-2018 e uma das preocupações nele descrita é a atividade extensionista. Promover a interação entre universidade e comunidade, bem como aprofundar os conhecimentos (habilidades e competências) de seu próprio corpo discente constituem o cerne dessa preocupação com extensão. Por outro lado, também em 2018, o Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da UFRRJ (Cepe/UFRRJ) aprovou deliberação que reorganiza a extensão na universidade. A Deliberação 031 do Cepe/Resolução 01 da Proext, além de simplificar o registro das atividades extensionistas, ampliou o escopo das atividades de extensão.
Há que se reforçar que o novo PPC zela pelo perfil de um egresso com habilidades de raciocinar criticamente sobre a realidade socioeconômica brasileira, regional e internacional. Ademais, a ciência econômica é parte da vida quotidiana das pessoas. Mesmo que elas não percebam ou percebam apenas o seu aspecto monetário e financeiro. Decisões tomadas por autoridades – governantes, técnicos-burocratas, legisladores – são em muito motivadas por questões econômicas e, por isso, tratadas nas diferentes teorias/escolas que compõem a Ciência Econômica.
Um exemplo recente é a PEC do Teto dos gastos ou PEC do Teto ou PEC 241 na Câmara dos Deputados ou a Emenda parlamentar n° 55 no Senado Federal. Sua proposta de congelar os gastos em saúde e educação por dez anos afetará a vida de boa parte da população brasileira enquanto sua elaboração e aprovação se deram por uma motivação econômica, a de excesso necessária contenção de gastos públicos com vistas ao equilíbrio macroeconômico.
Ora, um leigo em Economia acataria essa explicação, corrente nos principais meios de comunicação. Um estudante de Economia, em geral, tem conhecimento que o permitiria ir além; ele teria mais condições de criticar a decisão pela PEC do Teto dos Gastos. Elucidar a Economia a alunos do Ensino Médio representa elucidar também sua capacidade crítica sua capacidade de exercício da cidadania, ainda que ele venha a ter contato com uma parte de todo o conhecimento que ele teria se estudante de Economia fosse.
Ainda que não se possa negar que a educação financeira desempenhe função no estímulo de estudantes de ensino médio a compreender os possíveis efeitos da forma como eles gastam seu dinheiro, bem como das possibilidades de fazê-lo ‘aumentar’, não se pode perder de vista que a promoção de conhecimento em Economia pode ser deveras mais abrangente. A formação cidadã de pessoas com idades entre 15 e 18 anos – prestes a se tornar adultos – deve compreender assuntos (ou objetos) que lhe permitam ir além do que ele vê; que lhe permitam exercer uma cidadania consciente. Adultos meros reprodutores de falas pré-concebidas em Economia – nos assuntos/objetos de inflação, gasto público e de fatores do crescimento – conformam praticamente uma lei geral. Romper com esse ciclo representa o ensino dialógico de diferentes abordagens da teoria econômica para os mesmos fenômenos, assuntos, objetos.
Além disso, possibilitar a alunos de graduação desenvolver habilidades didáticas para ensino representa um ganho formativo para os discentes do curso de graduação em Ciências Econômicas.
A partir de um esforço da coordenação do curso de Ciências Econômicas e dos estudantes, foi articulado um fórum de discussão sobre temas variados para melhoria do curso. Em uma das reuniões foi aventado à necessidade de maior contato entre nosso curso e as escolas de Seropédica – incluindo o Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR) – além de alguma alternativa de aprendizado para os estudantes que buscam a docência.
“Unimos essas demandas e conseguimos iniciar esse projeto que tem sido muito proveitoso”, salientou Utanaan Reis, aluno de Economia e um dos participantes do projeto. Natália Paes, aluna de Economia e participante do projeto, ressalta ainda, o desafio e o crescimento que tem sido preparar as aulas e ministrá-las, de forma a compreender o andamento e a percepção do entendimento que os discentes estão tendo. Por fim, Guilherme Pisno, aluno e participante do projeto, sublinha a importância de discussões para além das narrativas apresentadas nos meios hegemônicos de comunicação e o retorno positivo dos estudantes que sempre questionam e buscam novos olhares.
(*) Componentes: Rubia Wegner, Marcelo Fernandes, Natália Paes, Utanaan Reis, Guilherme Pisno e Luiz Fernando Rodrigues